Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

Procuro encontrar forças para voltar a escrever, mas minha mente trava, as ideias fogem, a inspiração não vem, e a falta de persistência anula minha iniciativa de soltar as palavras.

Desde que passei por um deserto na vida, minha alma tornou-se ferida, machucada, e improdutiva no campo da escrita.

Tenho lido bastante nos últimos dias, mas escrever...não consigo. Será que não tenho mesmo talento ou vocação para escrita? Por que então, antes, as ideias fluíam, a mente sentia-se livre, e a escrita brotava? Não sei.

Interessante que conversar sobre leitura, escrita, livros, deixam-me entusiasmado, delirante, empolgado, mas na hora de escrever não consigo mais pôr nada no papel.

Parece que perdi a credibilidade para dizer as coisas. Ou quem sabe, as feridas na alma tornam a minha escrita doente, agonizante, esperando que a inércia da mente resolva partir e liberte a minha alma dessa prisão que paralisa o meu ser criativo, ou inspirativo.

Há uma obsessão e desejo de escrever. Leio, leio, leio. As ideias vêm e logo vão embora, a atitude de escrever foge.

Ainda há lembranças tristes do episódio vivido. Talvez essas lembranças não me deixem pensar, concentrar-me, ter atitude de parar, sentar, e escrever.

Sei que é hora de erguer a cabeça e seguir em frente. Mas minha alma está em reconstrução, recuperando-se do massacre que a deixou estraçalhada.

No deserto, a dor foi grande – dor na alma, a maior das dores que um ser humano pode sentir. As feridas ainda estão sarando. Movimentos do ser ainda fazem-me sentir dor.

As cicatrizes jamais desaparecerão. Mas elas precisam sarar. As marcas ficarão, como ficam as cicatrizes de uma cirurgia, mas a dor tem que passar, como passa a dor quando se faz a cirurgia para retirar um doença que insiste em dilacerar nosso corpo.

Ah, como gostaria de sair logo dessa apatia, desse inverno intelectual, produtivo da escrita. Gostaria de dizer o mesmo que Jack Kerouac: “Sempre considerei escrever meu dever na terra”, mas parece que simplesmente travei.

Oh Deus, Deus meu, restaura a minha paixão e a minha capacidade para voltar a escrever; do contrário, sentir-me-ei mais inquieto ainda por esse vazio de desejo de escrever e não conseguir fazê-lo. 

 
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 28/10/2013
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