Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

Fiquei sabendo que na disputa por uma vaga a ministro do TCU – Tribunal de Contas da União estão, pelo menos, dois políticos de grande envergadura.

Segundo a notícia, um deles terá apoio de Dilma; o outro é simplesmente uma deputada federal - mãe de um político de Pernambuco. Ainda, conforme a nota, o tal filhinho não abre mão da candidatura da mamãe pra comandar a Corte de Contas.

Já fiz muitos  concursos, e houve um tempo em que sonhei trabalhar no TCU pra investigar prefeitos bandidos e outros larápios do dinheiro público, mas com o passar dos anos, senti-me desmotivado para tal empreitada. Seria desestimulante saber que relatórios e mais relatórios de fiscalização não dariam em nada, ou quase nada.  

Como isso acontece? Ora, adianta fazer um bom trabalho investigativo, redigir relatórios denunciando barbaridades cometidas pelas ratazanas, se no final, os julgadores de contas são figuras que vieram do meio político, e que certamente defenderão sujeitos da mesma laia? Revoltante! Sinistro! Indignante! Repugnante! Enfim, não há adjetivos pra expressar o disparate.

E agora, fiquei matutando sobre a situação acima: quem vai ocupar uma vaguinha no cargo de Ministro do TCU? Ou melhor, quem vai pegar essa mamata? Deveria ser algo sério. Deveria ser escolhido alguém com competência técnica, reputação ilibada e por aí vai, conforme consta na Constituição.

Mas escolher político, principalmente raposas velhas, pra comandar a Corte de Contas, julgar as contas de políticos, aí é brincadeira! Não que não existam políticos ilibados, mas infelizmente eles são exceção, e não a regra.

No que você acha que vai dar isso? Você acha mesmo que o Erário verá a cor de algum dinheiro desviado? Você acha que algum político vai entregar algum parceiro de bandeja pra ser condenado por suas falcatruas?

Aliás, há tempos, li matéria sobre um dos ex-ministros do TCU que estava supostamente envolvido em atos ilegais com empreiteiras. Ele já tinha sido vereador, deputado estadual, deputado federal, senador, e por último, ministro do TCU. Os fatos denunciados poderiam até não ser verdade, mas onde há fumaça há fogo, mormente no ambiente sujo da política.

Ora, ora, ora! Se no Tribunal de Contas – que é responsável por zelar pelo dinheiro do cidadão que paga seus impostos, quem comanda são figuras eminentemente políticas e não técnicas, o que esperar em termos de resultados efetivos na condenação dos gatunos do dinheiro público? Nem vou falar de o Estado reaver os recursos desviados, pois esses são mínimos.

Enfim, pôr políticos, raposas velhas,  pra comandar a fiscalização do nosso dinheiro é piada! Aí, como diria um amigo meu: assim, o burro carregado de açúcar até o traque é doce! E haja traque na cara do cidadão brasileiro, se já não bastasse o nariz de palhaço!
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 22/08/2011
Alterado em 22/08/2011


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