Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

No início do ano vimos a posse da nova presidente da República. Apaixonado pelo meu país, pois eu o amo, fiquei um pouco emocionado.
 
Não que eu tenha qualquer relação de amizade, partidarismo ou relação semelhante com a presidente eleita ou sua cúpula de governo. Mas pelo ato de civismo, de democracia, ocorrido na ocasião.
 
Em seu pronunciamento, a presidente (ou presidenta, como prefira) afirmou no ato de sua posse que a partir daquele momento era, ou é, a presidente de todos os brasileiros. E ressaltou que não guarda nenhum rancor daqueles que participaram dos desmandos da ditadura cujos dissabores ela viveu na pele.
 
Acho que estou ficando velho, pois já fui mais reticente em me emocionar. Porém, quando se trata de atos relacionados à minha pátria, ao meu país, sempre luto para conter a  emoção.
 
Quisera eu poder, num passe de mágica, transformar as mazelas políticas, culturais e sociais do Brasil em verdadeira liberdade de viver a cidadania em sua plenitude.
 
Como seria bom se pudéssemos extirpar de nosso meio os ladrões do dinheiro público, os corruptos e corruptores, os larápios que desviam os recursos da merenda escolar das crianças para seus próprios interesses gananciosos.
 
Como seria bom se pudéssemos exterminar da sociedade o jeitinho brasileiro, a prática do “você sabe quem eu sou?” ou do “sabe com quem você está falando?”.
 
Como seria bom se pudéssemos eliminar nossos interesses egoístas pelo bem maior da sociedade, do coletivo. Dizer não ao individualismo e sim à comunidade, ao bem comum.
 
Como seria bom se pudéssemos ser educados, prudentes e respeitássemos as sinalizações de trânsito e obedecêssemos à legislação pertinente. Certamente muitos acidentes e vidas seriam poupadas, às vezes até de forma prematura.
 
Como seria bom se nós, pais, assumíssemos também a responsabilidade e levássemos a sério a educação de nossos filhos e não transferir e responsabilizar as escolas, os professores e o Estado pela situação deficiente da educação brasileira.
 
Não falo da educação no sentido de conhecimento, cultura, mas no sentido de valor, de virtude. Pois hoje em dia cada vez vemos menos atos de civilidade e mais atos de brutalidade externados diariamente e assistidos em nossos telejornais, e às vezes até presenciados em nossa comunidade.
 
Os governos mudam. E sempre o povo fica na esperança por dias melhores.
 
Melhor distribuição de renda, melhor educação, melhor saúde, melhor transparência na gestão dos recursos públicos.
 
Menos crianças abandonadas à própria sorte, menos idosos desrespeitados e maltratados, menos mulheres vítimas da violência doméstica.
 
Mais justiça, mais honestidade, mais integridade, mais solidariedade.
 
E como dizia Geraldo Vandré: vem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer.

Ainda que se sejamos uma gota no oceano, vale à pena contribuir, participar, reivindicar, lutar; ser arauto da justiça; recusar a aceitar passivamente a ideia de que não vamos mudar o mundo com nossa ação. Mudar talvez não, mas melhorar sim.

Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 07/03/2011


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