Desde que se abateu a tragédia, perdeu a inspiração. A imaginação sumiu; a vontade desapareceu; a coragem definhou; a disposição para escrever transformou-se em apatia. Não tem mais nada pra dizer. Ficaram o silêncio, o bloqueio criativo, o vazio inspirativo, e a completa ausência de dar vida às palavras, às letras. O texto adormeceu, está quase morto.
Vive a duvidar de sua capacidade, de seu talento, de sua habilidade para escrever. O infortúnio paralisou completamente sua escrita. Já superou a dor, mas o trauma travou as palavras, calou a voz.
Restaram a inércia, o desânimo, a falta de confiança em sua capacidade para a escrita. E não há nada, desde então, que ressuscite seu entusiasmo para praticá-la. O projeto de curto ou médio prazo, que pensara executar, foi adiado, sem previsão de retomada. Talvez nem o retome. Talvez o enterre de vez nas profundezas do esquecimento.
Há horas de angústia; a espera de um milagre que produza um despertar para a vida de escrever. Pensa, pensa, pensa...nada o entusiasma, empolga-o. Tudo é sem graça, sem razão.
A voz do texto calou-se, emudeceu. Sente-se incapaz, desacreditada. Permanece em silêncio, com medo, traumatizada, talvez.
Há ou haverá esperanças? Não se sabe. Vive a espera de um insight que lhe devolva a inspiração, dê um brilho na escuridão das palavras, das letras. A melancolia provoca a dor da angústia, da angústia de escrever; mas não consegue transpor esse bloqueio.
Sonha voltar a escrever, mas não tem mais certeza se o fará. E de um aprendiz da escrita, agora já não tem mais esperança de continuar essa lida; ou se abandona de vez essa ideia. E esqueça para sempre que um dia ela existiu...