Ontem assisti ao filme brasileiro “Os Inquilinos”, de Sérgio Bianchi. Confesso que me comovi e meus olhos ficaram marejados.
O filme retrata a dura realidade vivida por milhões de brasileiros espalhados nesse país, vivendo sob condições indignas de um ser humano. Não lhes contarei o filme, claro, prefira que o assistam.
Apenas quero fazer breves comentários sobre a situação retratada. Aliás, o autor da obra foi brilhante ao mostrar a infeliz vida cotidiana de nossos irmãos, que moram nas áreas periféricas das cidades, nas favelas, na miséria, na pobreza, no meio da violência, e convivendo com a morte ao seu redor.
Fui dormir deprimido, triste, e chorei! Depois dos 40, tornei-me mais sensível com as mazelas humanas, meu coração ficou mais compassivo com as pessoas, e a dor dos outros, algumas vezes, incomodam-me profundamente.
No filme, vi um pouco do ambiente no qual eu nasci e fiquei até meus 17 anos. Não na mesma intensidade e miséria apresentada, mas certamente em meio à pobreza, ao tráfico de drogas, bares frequentados por viciados em álcool, cigarros, às vezes drogas; por vezes, bandidos de alta periculosidade que rondavam a área.
De vez em quando, assassinavam um ou outro bandido, ou mesmo pessoas comuns, por conta do ambiente pesado e carregado daquele local. Um dia, quem sabe, escreverei sobre isso.
Lidar com a violência na periferia, nas favelas, tomadas por bandidos, traficantes, e outros males decorrentes, é viver sob o império do medo, da tortura mental, física e emocional. A qualquer momento você verá ou será vítima de alguma tragédia.
Cidadãos do bem vivem aprisionados e sem voz em suas próprias casas. Nesse meio reinam as mazelas sociais que se tornam um ciclo sem fim, com consequências às vezes irreversíveis para mais de uma geração.
Em lugares assim, cedo, você vê crianças, sendo vítimas do ambiente social degradante em que vivem. Lugares dominados por bailes de músicas que denigrem o próprio ser humano; meninas que são expostas à prostituição e até ao banditismo. Crianças que traduzem suas ideias infantis representadas pela violência, miséria e tragédia do cotidiano.
Trabalhadores que transitam assustados e silenciados. Outros, pela suposta bondade dos traficantes que fazem doações e compram a dignidade das pessoas, submetem-se a esse estado de coisas. Não Têm saída. Eles irão para onde, se não há moradia para o povo? Onde se esconderão das barbáries?
Depois de assistir ao filme, fiquei tremendamente consternado, deprimido, impotente, sem saber o que fazer, sem ter o que fazer. Refleti sobre situação moral do ser humano, ao que parece cada vez mais decadente, apesar do crescimento da ciência e da tecnologia.
Não gosto de espiritualizar as coisas, mas só há uma esperança: JESUS CRISTO no coração humano; não falo de religião, de igrejas, de falsos pastores e líderes religiosos, que estão à solta por aí enganando os incautos. Falo do verdadeiro evangelho que liberta, cura a alma, o corpo, o espírito e dá a verdadeira paz.
Resta saber se o queremos. Não da boca pra fora, mas de coração, com atitudes, mudanças. Não o evangelho da facilidade que é vendido pelos enganadores e vampiros da fé, mas o evangelho no qual estreito é o caminho que conduz para a vida eterna – palavras de Jesus.
E por fim, claro, o evangelho em ação, atitudes. Não apenas assistir tudo passivamente, mas envolver-se com as necessidades do povo, participar da cidadania, ser moral e ético com o semelhante. É o mínimo que podemos fazer para melhorar ou tentar que seja menos pior o mundo no qual vivemos.