CRÔNICA À SOLIDÃO
Ah, solidão! Por que me maltratas tanto assim?
Por que abates a minha alma? Por que enfraqueces o meu espírito? Por que corróis o meu ser? Por que atormentas a minha mente?
Ah, solidão! És algoz da minha alma, do meu ser, do meu espírito.
Tua presença desfalece as minhas forças. Incomodas-me com tua insistência.
Trazes contigo a sensação de abandono, de desesperança.
Trazes as lágrimas que molham o meu rosto.
Trazes a pior das dores – a dor na alma.
És implacável quando surges.
Não tens dó nem piedade de mim.
Ah, solidão! Quisera eu ter o controle sobre ti e pudesse te mandar ir embora pra nunca mais voltares.
Quisera eu não sentir a tua presença sempre incômoda e cruel.
Pareço o Davi e tu o Golias. Mas Davi tinha a funda milagrosa para derrubar Golias; eu, porém, não tenho a chave do milagre para vencer-te.
Ah, solidão! Fazia muito tempo que não davas o ar da tua graça; ou melhor, o ar da tua desgraça.
Sim, porque carregas em ti a dor e o sofrimento.
Parece inútil lutar contra ti. És forte e aprisionas meu grito de alegria, meu sorriso de viver.
Atormentas a minha esperança. Massacras-me com as desilusões que carregas em ti.
És sagaz, sorrateira e mesquinha. Não me dás chance de resistir às agruras infligidas pelo destino ao meu coração.
Ah, solidão! Deixe-me em paz. Dê-me um pouco de sossego. Chega de me torturares. Basta de me massacrares.
O que te fiz pra fazeres isso comigo?
Por favor, solidão! Vá embora. Não inflames mais a minha dor. Não mexas mais nas minhas feridas. Tens piedade do meu ser.
Ah, solidão! Deixe-me em paz. Eu te imploro: deixe-me em paz! Siga teu caminho. Esqueça-me.
Ficarei grato se fizeres isso, solidão!
Ah, solidão...!
Obs: texto escrito em algum dia do mês de julho de 2012.