O telefone toca, você atende e alguém se identifica como sendo da Operadora de Telefonia PARAÍSO.
Oferecem-no o Plano “Viagem grátis para o céu”, contam-no os benefícios, vantagens, etc. etc. Você diz que não é o titular da linha telefônica porque o imóvel em que mora é alugado. Pergunta se isso impede ou não a assinatura do tal plano.
Dizem-no que não, a linha permanecerá no nome do titular e somente o plano “viagem para o céu” ficará no seu nome. Ok, você aceita – o passaporte para o inferno. Resolve testar o plano, dá uma chance, vai ver se efetivamente funciona a contento.
Aí começa a saga. Primeiro, o modem da internet (fazia parte do pacote esse serviço também), que era pra chegar em até três dias úteis, chegou com quase um mês de atraso. E não chegou no seu endereço, mas no endereço da dona do imóvel em que mora – a titular da linha telefônica. Os aborrecimentos estão só começando.
Depois, a internet oferecida funciona quando bem entende, ou melhor, quase nunca funciona. Na correria diária, os dias vão se passando e você vai postergando o cancelamento do plano contratado.
Chega a hora de mudar, devolver o apartamento. Liga para a operadora PARAÍSO, no número XYZ. Explica à atendente:
- Assinei o plano “viagem para o céu”, mas não quero mais continuar, preciso cancelá-lo.
- O senhor é o titular da linha? - Pergunta a atendente Caxemira.
- Não. Apenas sou o titular do plano, mas não da linha. Quero cancelar apenas o plano, deixem a linha, pois não é minha.
- Aguarde um momento, que vou proceder à sua solicitação.
Passados 5670 minutos (ironicamente, claro), a atendente retorna:
- Senhor, seu pedido foi atendido. Foi cancelada a linha telefônica, diz a Caxemira.
- Mas...Não era pra cancelar a linha, somente o plano “viagem para o céu”, nem titular eu sou da linha. Como você conseguiu fazer isso? Pode?
- Senhor, sua linha foi cancelada.
Tudo errado. Você explica tudo pra Caxemira, de novo. Pede que religuem a linha. Dão-lhe três dias pra reativar a linha, até hoje não foi reativada. Explicada a situação para a titular da linha, ela preferiu mantê-la cancelada porque resolveu vender o imóvel. A PARAÍSO se salvou dessa.
Mas a saga continuou. Deram-no outro plano: “Para sempre feliz no paraíso”. Você aceitou, não teve tempo de consultar outras operadoras, e não podia ficar sem comunicação. Foi algo meio que na pressão.
Passados dois ou três meses, chegou uma conta telefônica, ainda do plano “viagem para o céu”. Mas a conta veio sem código de barra para pagamento. Outra vez, no corre-corre do dia a dia foi postergando para resolver o problema.
Aí, você ficou de férias. É hora de resolver algumas pendengas. A essa altura, já trocou de operadora de telefonia – fixa e móvel. Desgraça pouca é besteira!
Liga para operadora PARAÍSO, no número XYZ – sempre ele. Para resolver as pendências financeiras e cancelar uma linha móvel, que sobreviveu com a mudança pra outra operadora. Ouve a mensagem:
- Eu sou o Mapinguari, seu atendente virtual. Para saber sobre nossas promoções disque 0-0; para saber sobre sua conta, disque 0-1; para cancelamento, disque 0-2; para...
E por aí vai o diálogo, ou monólogo, com o atendente virtual.
Você escolhe a opção, aguarda 380 minutos (você já sabe) para o atenderem, escuta uma musiquinha pra descontrair, enfim alguém o atende:
- PARAÍSO, Maria Fumaça, bom dia, em que posso ajudá-lo?
- Preciso pagar uma conta que vocês me enviaram sem código de barras, cancelar uma linha móvel e que verifiquem minhas pendências - diz você.
- Informe o número para o qual o senhor deseja o serviço e número do seu CPF - solicita a atendente.
Maria Fumaça faz um barulhinho, como se tivesse digitando alguma coisa e diz:
- Aguarde um momento por favor.
Depois de 280 minutos, repete:
- Só um instante.
Em seguida lhe dá as informações, mal explicadas, claro. Nunca se sabe ou se entende onde enrolam a gente na contratação dos benditos planos telefônicos. São todos iguais num ponto: no dia que você precisar entendê-los, cancelá-los, etc, etc, vai ter raiva. Eu garanto.
Você conta toda a história de novo, e solicita o cancelamento da linha móvel. Maria Fumaça redargui:
- Não podemos resolver isso por aqui. O senhor tem que ligar para o numero *1000. Mas vou passar pro setor responsável.
Toca outra musiquinha. Outro atendente fala:
- PARAÍSO, Curupira, bom dia, em que posso ajudá-lo?
Você explica a situação e diz que quer cancelar a linha móvel.
Curupira responde:
- Aqui não dá pra fazer isso, não temos acesso a esses dados. O senhor tem que ligar para o número *1000.
Você resolve ligar para o número recomendado. Neca de perereca, ninguém o atende. Volta a ligar pra XYZ.
- PARAÍSO, Zé das Candongas, bom dia, em que posso ajudá-lo?
- Grande, preciso cancelar uma linha móvel - você responde.
- O senhor tem que ligar para o número *1000.
- Companheiro, eu já liguei pra esse número 340 vezes, ninguém atende, nem consigo completar a ligação - você argumenta, já com o sangue começando a ferver.
- Pra cancelar linha móvel, o senhor tem que ligar pra *1000. Aqui só trabalhamos com cancelamento de linha fixa.
Você desliga, e liga de novo para o número *1000. Neca de perereca, de novo. Nada. Torna a ligar para o XYZ. Alguém o atende:
- PARAÍSO, Chico Caiuru, bom dia, em que posso ajudá-lo?
- Preciso cancelar uma linha de celular - você responde.
Explica toda a situação, outra vez. Chico Cairu diz:
- Aqui não dá pra fazer isso, não temos os dados. O senhor precisa ligar para o número *1000.
- Meu prezado, eu já tentei ligar várias vezes, ninguém atende. Não tem como direcionar a ligação pro setor competente? - Você argumenta.
- Não. O senhor tem que ligar para o número *1000.
- Já liguei 980 vezes, p...! (você é cristão, evangélico, mas ainda não virou santo)
Sua paciência chegou no limite. E continuou sem cancelar a linha do celular. Talvez deva ir pessoalmente a uma loja da PARAÍSO.
Tente resolver algum problema junto às operadoras de telefonia e você irá enlouquecer, ou se suicidar, quem sabe!
Ps: absolutamente nada contra os pobres coitados dos atendentes, apenas tentei retratar o martírio dos usuários.