Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

Lendo a crônica “C’este la Guerre!”, do Carlos Heitor Cony¹, identifiquei-me com o mesmo sentimento do autor em relação à matemática.
 
Na crônica, o autor expressa sua relação não muito boa com as “Matemáticas”, como ele mesmo diz. Sigo o autor. Assumo a minha burrice (não a do autor) com as Ciências Exatas, e não faço nenhuma questão de fazer amizade com elas.
 
Apesar disso, por ironia talvez, gosto de Astronomia – assuntos relacionados ao Universo, estrelas, galáxias, planetas, etc. O problema são os malditos cálculos astronômicos e equações indecifráveis para um simples mortal, sem qualquer intimidade com números, no estudo dessa Ciência.
 
Mais irônico, ainda, é lembrar que um dia, aos oito anos de idade, uma professora do primário daquela época me perguntou:
- O que você quer ser quando crescer?
- Astronauta, respondi sem pestanejar.
 
Quanta pretensão do pobre coitado! Mas, não sei se por ignorância ou por teimosia, fiz o ensino médio em Técnico em Edificações – naquela época havia os cursos técnicos profissionalizantes (já faz algum tempo).
 
Era cálculo pra todo lado. Cinco tempos de aulas semanais de Matemática, Física, Cálculo I, Desenho Técnico, Topografia, etc, etc. Nem sei como consegui concluir o 2° grau com tantos estudos numéricos na vida.
 
Rumo à faculdade, ainda fiquei pensando em fazer Engenharia Civil. Mas, felizmente, resignei-me, reconheci minha incompetência cerebral para números, pra não dizer, burrice mesmo.
 
Mas os malditos números estavam lá, continuavam a me perseguir. Formei em Ciências Contábeis. Quando conto a alguém da minha aversão à matemática e digo que minha formação é contábil, há espanto. “Mas você não disse que detesta matemática? Como é que se formou em Contabilidade?”. Bom, é que nessa área não precisei de tantos cálculos complexos de álgebra linear, etc, etc – não sei nem as divisões da Matemática.
 
Fato é que consegui me safar, razoavelmente. Até tirei nota 9 ou 10, numa das provas intermediárias em Matemática Aplicada à Administração, Economia e Contabilidade, em algum período do curso que fiz. A nota final foi 6,7 – um alívio; e com um professor “casca grossa”, por assim dizer.
 
E assim como Cony se sentiu leve, com a alma em festa, como ele confessa na crônica, quando conseguiu uma proeza matemática, assim me senti quando tirei aquela nota com o professor Tinoco – era esse o nome do representante da minha inimiga – a maldita matemática.
 
Enfim, não tenho e nem pretendo ter nenhuma amizade com as Matemáticas. Xô urubu! Prefiro tornar-me cada vez mais amigo das letras – elas merecem o meu amor.
 
Ah, e foi por um ponto, isso mesmo – apenas um ponto, que fui reprovado em Matemática na 8ª série, e tive que repetir de ano. Uma mancha, quiçá a única, na minha vida escolar. E certamente: um ano de vida perdido.

Alguma chance de ela tornar-se minha amiga? Nenhuma! 

[1] Cony, Carlos Heitor. Crônicas para ler na escola.


Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 11/02/2012
Alterado em 11/02/2012


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