Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

Não quero falar sobre os que se vão dessa vida, mas dos que ficam – familiares, amigos, admiradores. Lidar com a perda não é tarefa das mais fáceis nessa vida.
 
Você tem um irmão ou irmã e são demais unidos, amam-se, admiram-se, enfim, nem quer imaginar perder um ao outro.
 
Você ama seu cônjuge, é apaixonado, completa-se, é feliz. Aí, de súbito, o outro morre. Como será encarar essa perda?
 
Você tem um amigo ou amiga daqueles que são raros hoje em dia – amigos verdadeiros. Inesperadamente, alguém telefona para você e diz: fulano morreu! Você fica paralisado, sem voz, nem consegue chorar tal é o impacto.
 
São situações que podem acontecer a qualquer um de nós. Como alertei, a questão não é se estamos preparados para nossa própria morte. Porque depois de fecharmos os olhos não há mais nada a fazer, nada a sofrer, nenhuma preocupação mais existirá. Tudo se acaba e só restará o legado que deixarmos, seja bom ou mau.
 
A questão é se estamos preparados para perder as pessoas que mais amamos. Como reagiremos? Sofreremos? Demoraremos a assimilar a perda? Para um marido ou esposa, como resolver pendências burocráticas pós-morte? Desorientação total.
 
O marido tinha seguro de vida e a esposa não sabia (no sentido de amparo para a família)? Tinha dívidas (talvez até de jogos)? Existia o “outro ou a outra”? Isso é que é difícil remoer.

Eu soube de gente que morreu no motel com a amante e só depois do falecido ter partido para outra vida que a pobre mulher enganada ficou sabendo que existia a outra. Que dureza!
 
Conheci gente que morreu e só nesse momento a esposa descobriu que o cara tinha uma amante há 10 anos. Já imaginou a situação? Detalhe: a viúva tratou de arranjar logo outro! Dane-se o safado que morreu!

E se acontecer com você, comigo? Quem está livre de algum mal debaixo do sol? Salomão escreveu alguma coisa sobre isso. Diz o ditado que o sol nasce para todos. Eu acrescentaria: a noite também. Sim, porque um fato desse não é ver o sol nascer, mas é escuridão pura!
 
Mas há outras coisas que a morte pode trazer. Um amor eterno que jamais se recuperará da perda e não adiantará tentar substituir por outro porque o coração se negará. Ou quem sabe, aqueles que se recusam a recomeçar a vida após a perda.
 
Alguns revoltam-se com tudo, com todos, e nem Deus escapa da fúria. Nessa hora, Deus é culpado por tudo: Ah, por que Deus não fez nada por meu filho que estava com câncer e veio a morrer? Onde Deus estava que não salvou meu filho, minha esposa, meu marido, meu pai, meu amigo?
 
Sempre é difícil aceitar a morte de um ente querido. As interrogações virão com intensidade nesse instante.
 
Lembrei agora de um caso recente. Um colega de classe de meu enteado perdeu de súbito o pai – um infarto fulminante. A esposa e os filhos ficaram desorientados, perdidos. Não estavam preparados para o infortúnio.

Noutro caso, uma família morreu num acidente por conta de um maluco desses encachaçados que andam por aí ao volante (ira-me isso). O marido ficou indignado, furioso. O que fazer? Matar o molecote causador do acidente? Nem um de nós se arrisque a dizer que não porque eu creio que todos nós somos, num momento de desespero, de loucura, capazes de cometer tal ação. Ou não?

E se sua filha fosse violentada e morta por algum traste que anda por aí? Qual seria o impacto da morte pra você? Trágico, com certeza! Nem precisa me dizer o que você seria capaz de fazer ao assassino. Não, não quero saber. Guarde-o para você.

Enfim, há muitas lucubrações ligadas à morte, não é bom  pensar nisso agora, embora seja uma possibilidade real. Só quis inquiri-los sobre o tema. Afinal, você está preparado para a morte? Eu não!  
 
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 16/12/2011


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras
Seguir @juscelinonery
Tweet