Até quando, veremos pessoas inocentes terem suas vidas ceifadas por atos de irresponsabilidade, selvageria, brutalidade, insanidade, e outras ações indescritíveis no trânsito brasileiro?
As estatísticas mostram que em 2010 foram mais de quarenta mil (40.000 – em algarismos pra ficar bem claro) mortes no trânsito brasileiro. Desse número, há um percentual significativo de mortes e acidentes causados por motoristas embriagados.
Segundo a revista Veja, em sua edição de n° 2241, de 02.11.2011, é uma morte a cada 13 minutos; e dos 40.600 mortos em 2010, em média, 40% das vítimas – ou 16.240 pessoas, estavam embriagadas quando morreram.
Frei Beto, em seu artigo “Beba, mate e fique livre”[1], diz que:
Os dados são alarmantes: 68,7 dos brasileiros ingerem álcool. Nos hospitais psiquiátricos, 90 % das internações são de dependentes de álcool. Os motoristas bêbados são responsáveis por 65% dos acidentes de trânsito. E o Ministério da Saúde gasta, por ano, via SUS, mais de R$ 1 bilhão em tratamentos e internações causados pelo álcool.
A matéria publicada pela Veja trouxe à discussão a ineficácia da Lei Seca. Segundo a matéria[2]: “A lei criada para apertar o cerco em torno de quem guia bêbado não só não conseguiu frear a irresponsabilidade no trânsito como tornou mais difícil a punição dos infratores”.
A matéria trouxe ainda, casos de pessoas públicas famosas que se recusaram a fazer o teste do bafômetro. Ato eticamente negativo, porém legal. São pessoas que deveriam ser exemplos de cidadania, mas preferiram não fazê-lo. Isso é assunto para outro debate.
Há outras discussões envolvendo o tema nos meios de comunicação, seja nas mídias tradicionais como jornais, revistas, etc. e entre as mídias sociais de interação dos cidadãos.
Nesse ponto, vêm à tona a questão jurídica. Qual a eficácia da lei seca? Há como punir os assassinos do asfalto? Que tipos de falhas na lei impedem que os bêbados do volante sejam punidos severamente? E assim por diante.
Mas, efetivamente, nada acontece com os homicidas. Quando muito, pagam uma fiança irrisória e voltam às ruas para matar mais pessoas. Sinto muito se sou rude em minhas palavras, mas é extremamente indignante a situação a que chegamos.
A terra geme pelas vítimas sepultadas por causa da selvageria de certos loucos que andam por aí à solta no volante.
Se estou indignado? Sim, estou. Todo ano, todo mês, toda semana, todo dia, sabemos de casos envolvendo mortes no trânsito por cachaceiros ao volante.
Essa tragédia, tanto quanto, ou pior que as drogas como crack, tem assolado o país de norte a sul.
Sábado passado, mais um caso estúpido na cidade onde moro. Um sujeito de 22 anos – um garotão irresponsável e folgado, dirigindo em alta velocidade e com sinais de embriaguez, matou duas pessoas da mesma família e mediante uma fiança de R$ 6.000,00 foi liberado. Se vai acontecer alguma coisa com o ser responsável pela tragédia? Duvido.
Pior que tem juiz liberando os assassinos. Certamente os que fazem isso não foram e não tiveram ninguém em suas famílias, vítimas de tal barbaridade.
A essa altura, haverá sempre algum cachaceiro tentando dar uma desculpa esfarrapada pra continuar dirigindo sob o domínio do álcool. Recuso-me veementemente a aceitar qualquer argumento que isente motorista consumidor de álcool de atribuí-lo responsabilidade por isso. Um veículo governado por um bêbado é uma arma pronta pra matar a qualquer instante.
Tolerância zero pra assassino do asfalto. Tolerância zero com quem usa bebida alcoólica e depois vai dirigir. Não importa se foi um único copo de qualquer bebida. É TOLERÂNCIA ZERO MESMO! Cadeia neles.
Não basta uma simples multa ou apreensão do veículo. O sujeito tem que ser preso e ficar engaiolado conforme a gravidade do caso, sem exceção alguma. Dirigiu bêbado, não pode dirigir, tem que ser preso. Na hora, sem negociação, sem clemência. Radical mesmo.
Nossos nobres legisladores devem urgentemente elaborar leis efetivas, rígidas, e aplicáveis aos biriteiros destruidores de vida. Nossos nobres juristas devem ser rigorosos na aplicação da lei, sem complacência.
É difícil imaginar que algum sujeito embriagado tenha algum senso de civilidade e humanidade. Por isso que deve ser TOLERÂNCIA ZERO! Dirigiu bêbado, cadeia no infrator!
O álcool é um destruidor de famílias, de vidas. Todo mundo sabe disso, mas pouquíssimos mantêm-se longe dele. Aliás, o que não falta é propaganda de bebida alcoólica na TV, e muita gente acha bonito, engraçado. Não há nada de engraçado nisso.
Já morei do lado de um cara que todo dia enchia o caneco e chegava em casa fazendo algazarra. A mulher chorava, os filhos gritavam. Era uma tortura.
E tantas outras famílias já foram destruídas por conta do álcool. Quantos de nossos jovens estão enveredando por um caminho sem volta por conta dessa maldita droga? A sociedade se manifesta contra as drogas ilegais – cocacína, crack e outras. Mas fica calada sobre as drogas consideradas “legais”, que nada têm de legais.
Agora, mas recentemente, que já vimos algumas ações e campanhas contra o cigarro. Mas não vejo nenhuma ação ou campanha contra o álcool. Ao contrário, vejo uma massificação pela mídia, como propagandas dos mais diversos tipos de cerveja. Isso é apologia ao álcool. Mas quem se importa com isso?
Frei Beto também se manifesta sobre o assunto em seu artigo mencionado. Diz ele:
Por que não se aplicam as leis de proibição de tabagismo ao álcool? Porque falta coragem de fechar a torneira do mar de dinheiro que as empresas de bebidas alcoólicas despejam na publicidade. E o mais grave: associa-se álcool a celebridades, como jogadores de futebol e atraem legião de fãs.
E prossegue:
Nunca tive notícia de acidentes de trânsito causados por vício de fumar, agressão doméstica por aspirar fumaça de tabaco, internação psiquiátrica por dependência de cigarro. Todos nós, porém, conhecemos casos relacionados ao alcoolismo. E haja publicidade de cerveja no horário nobre! Para os jovens, a cerveja é a porta de entrada no consumo de bebidas etílicas.
Só nos importamos com as consequências, mas não queremos curar a causa. Se fôssemos inteligentes, pelo menos evitaríamos tragédias no trânsito por conta da bebida. Era só nos conscientizarmos do perigo.
Assumir responsabilidade, cidadania, respeito pela própria vida, e principalmente pela vida dos outros. Sim, porque o problema não é o assassino do asfalto morrer, mas matar inocentes. Se ele decidiu tirar a própria vida, problema dele.
Lamento se sou duro nas palavras, mas a rudeza é necessária e pertinente. Portanto, SE QUER BEBER, SE VAI BEBER, POR FAVOR NÃO DIRIJA! NÃO MATE PESSOAS E NÃO SE MATE! NÃO SE TORNE UM ASSASSINO NEM UM SUICIDA!
[2] Diniz, Laura; Coura, Kalleo. Ficou pior com a lei seca. Veja. São Paulo: Editora Abril, edição n° 2241 – ano 44 - n° 44, 2 de novembro de 2011.