Na obra “A riqueza do mundo” de Lya Luft, num de seus textos, a autora demonstra as preocupações, dramas, dilemas, do ser humano.
A escritora refere-se à maior riqueza do planeta – nós, a humanidade. Quantas vidas estão sendo desperdiçadas, jogadas no lixo.
Solidarizo-me e compartilho as impressões da autora, embora em menor grau de sensibilidade, utopia, ou talvez, ingenuidade. Deve ser produto de sua alma feminina, mais sensível às mazelas humanas e mais crente que as coisas poderão melhorar.
Às vezes, questiono minha própria contradição de ideias, pensamentos, preocupações – um paradoxo. Creio, firmemente, que não só eu, mas todos podemos contribuir para um mundo melhor. Mas confesso: no fundo, não acredito que a humanidade irá melhorar.
Apesar disso, viverei meus dias terrenos buscando, procurando, lutando por, pelo menos, um país melhor. Repudio o pensamento de que nada vai adiantar, nada vai mudar, nada vai melhorar. Uma resignação ao estado de coisas que vivemos.
Pensar assim é aceitar a ideologia do comodismo, da omissão, do descaso. O mundo não mudará, mas não quero ser um dos responsáveis pela manutenção de sua miséria. É uma luta inglória, mas não posso recuar.
Quantos homens ofereceram a própria vida para ver alguma mudança no mundo, e mesmo tendo sofrido, obtiveram algum êxito em sua empreitada. Ghandi, Nélson Mandela, Martin Luther King, entre outros. Certamente não mudaram a humanidade, o mundo, mas exerceram grande influência para o avanço da civilidade.
Temos a riqueza do mundo – nós mesmos, mas somos pobres. Pobres de amor, de respeito, de compaixão, de educação, de civilidade, de limites de responsabilidade, de ética, de integridade.
Somos a pobreza do mundo, pela riqueza que temos e somos. Temos corrupção, intolerância, orgulho, grosseria, desonestidade, crueldade, egoísmo. Infelizmente cultivamos a pobreza, ou a falsa riqueza, e rejeitamos a verdadeira riqueza.
Haverá um fim para isso? Haverá uma luz no fim do túnel? Ou talvez nem haja mais túnel, mas uma muralha intransponível que impede nosso escape?
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 03/11/2011