Outro dia, acordei cedo, meio sorumbático por conta de algumas preocupações e problemas. Quem não os têm?
Fui à padaria onde de vez em quando tomo café. Lá fiquei observando as pessoas que adentravam no recinto. Pus-me a imaginar o que elas estariam guardando em suas almas, seus anseios, suas agonias. Quem sabe alguma estaria desempregada, ou o salário estaria curto e mal dá pra sobreviver, ou estaria em crise no casamento, ou sofrendo agruras infligidas pelas pessoas que amam – como filhos, por exemplo.
Estariam confusas quanto à sua fé, sua religiosidade, suas decisões, seus sonhos, seus dissabores, seus amores. Enfim, como estariam suas almas? Alegres, tristes, abatidas, desanimadas, esperançosas? Eu não seria capaz de saber, de sentir.
Assim é a vida. Nada sabemos. Quanto mais aprendemos menos sabemos, pois há uma vastidão de conhecimentos inexplorados. Precisaríamos viver milhares de anos pra saber um pouco dessa imensidão.
Talvez o primeiro passo seja o autoconhecimento. Isso também não é tarefa fácil, mas necessária se quisermos evoluir como pessoas. Todos têm suas inquietações, indagações.
Essa semana ainda, vi uma matéria sobre uma mãe – se é que podemos considerar isso como mãe, que jogou um bebê pela janela dum carro e a criança foi morta por outro veículo que passava. Uma barbaridade sem tamanho.
Fiquei confuso. Sou cristão, ou pelo menos tento ser, pois não é tarefa fácil, já disse isso outras vezes. Falo do cristianismo verdadeiro – o ensinado por Jesus Cristo, não o que anda por aí apregoado por negociadores da fé, do Evangelho.
Qual a missão daquela criança no mundo? Veio fazer o que por aqui, só nascer e morrer? Por que nasceu então? O conflito a meu ver seria entre a irresponsabilidade de quem gerou a criança e a trouxe ao mundo sem qualquer esperança, e a intervenção de Deus em permitir que esse ser humano fosse gerado e nascesse.
Difícil não? Cada um de nós é um ser único no universo. Somente um espermatozoide sobreviveu na luta pela vida. E não teríamos nascido sem permissão de Deus – assim eu creio. Mas nesse caso, confesso que fiquei confuso.
Nossa limitação humana é muito grande. Não há explicação para tudo, não temos e nunca teremos essa capacidade. Prova disso que até hoje nos debatemos em saber de onde viemos. Qual teoria está correta? Evolução ou Criação? Viemos do Adão ou do macaco? Quem está com a razão, Richard Dawkins ou a Bíblia Sagrada?
Estamos preocupados e gastamos milhões de dólares para investigar o universo à procura de alienígenas, mas sequer cuidamos do nosso planeta, dos nossos semelhantes aqui na terra. Os famintos dos campos de refugiados na Somália estão aí pra contar a história, ou melhor, milhares sequer sobreviverão pra isso.
Então, pra que ficar preocupados com a existência de extraterrestres, com supostos planetas em que possamos viver futuramente se isso parece algo inalcançável, diante da nossa limitação humana? O universo é uma imensidão. Só Marte, onde se pretende ir, são seis meses pra chegar lá, imagine outros corpos celestes. As distâncias são imensuráveis, e ficamos nos debatendo com isso.
É hora de cuidar do nosso planeta, que está gemendo. Cuidar de nosso semelhante que está próximo de nós, e não, ficar pensando em ET – se é que existem. Aliás, alguns preferem crer em extraterrestres a crerem na existência de Deus. Cada maluco na sua. Quem pode ler a alma humana? O que se passa dentro de cada uma? Isso, para desilusão de alguns, creio que só Deus pode fazer. Alguém se arrisca?
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 05/09/2011