O título dessa crônica é uma frase de uma personagem real do “Agentes da Leitura”, programa de formação de leitores do Ministério da Cultura em parceria com governos estaduais e municipais, como resultado do trabalho desenvolvido em São Bernardo do Campo - SP.
A frase é de uma riqueza de espírito estupenda. Pode representar a intensidade de um sonho almejado, seja ele qual for. Isso confirma que a felicidade e realização pessoal não estão, necessariamente, atreladas à fama, dinheiro ou poder.
Cada um tem seu conceito de felicidade e bem-estar. E considero dignos de louvor aqueles que não vinculam esses conceitos a qualquer apego a bens materiais, riquezas. Enfim, se apenas realizarem um simples sonho terão a sensação de felicidade em seu espírito. Isso é nobre. Mais ainda quando este sonho está ligado à leitura, aos livros.
Desde cedo aprendi a amar a leitura. Mas esse hábito andou por algum tempo negligenciado. Talvez pela luta cotidiana de sobrevivência. Era preciso fazer um curso superior para conseguir emprego melhor, trabalhar para sustentar família, criar e educar filhos – o que não é fácil. Enfim, a leitura desprovida de interesse profissional, técnico, de informação, ficou adormecida por algum tempo.
Hoje, já firmado profissionalmente, estabilizado, em nova fase de vida, voltei a me dedicar com afinco a novos horizontes de leitura. Não apenas leitura profissional, mas a leitura prazerosa, como fonte de conhecimento e cultura, conhecer obras de grandes escritores, pensadores nas mais diversas áreas do conhecimento humano.
E como é bom ler! Não posso ter a mesma sensação da personagem da frase, nos seus 75 anos, pois aprendi a ler cedo. Mas fico emocionado, feliz, por mais um brasileiro adentrar no paraíso das letras, da leitura. É menos um brasileiro sem rumo, sem esperança, sem conhecimento, liberto da ignorância, e quiçá, menos uma vítima da manipulação dos poderosos, pois quem costuma lê aprende a interpretar ideias, discernir intenções, questionar falsas teorias, doutrinas e conhecimentos.
É esse o mundo da leitura. Ver o mundo e interferir na realidade, não apenas assisti-la, alheio, às vezes, até à própria existência. Leitura é liberdade. Quem lê aprende, pode e deve ensinar.
Quem ama a leitura, sente-se incomodado em ser apenas receptor de ideias. Deseja usar sua liberdade de expressão, expor também suas ideias. É o que estou tentando e começando a fazer agora, com quase meio século de existência.
Ah, como eu gostaria que todos meus irmãos brasileiros soubessem ler, tivessem acesso à educação, à saúde, à segurança, entre outros direitos, de forma decente, digna; que os gananciosos, coronéis, piratas, e outros seres desprezíveis da nossa política fossem despojados de sua conduta maléfica, causadora de sofrimento infligido ao povo brasileiro.
Isso não é utópico. Não espero que ocorra em sua totalidade, miraculosamente, pois isto sim é impossível, afinal o ser humano é imperfeito. O apóstolo Paulo já escreveu em sua carta aos Romanos que não há um justo sequer.
Não que a culpa por nossos infortúnios seja toda dos políticos, ou a atribuamos a quem quer que seja, pois temos e devemos assumir a nossa parcela também. Somos e devemos ser responsáveis por nossas escolhas e decisões pessoais e assumir os riscos e consequências decorrentes. Mas que a nossa representação política deveria ser muito melhor, isso deveria.
Países como Canadá, Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia estão aí pra contar a história. Analise o níveis de corrupção, de educação, saúde e etc nesses países e veja se não é possível estabelecê-los aqui também, mormente por sermos um país detentor de riquezas naturais e humanas – estas representadas pela criatividade do povo brasileiro.
Tudo inicia em mim, em você, em nós. É uma questão de atitude. Já se passaram mais de 500 anos, mas quem sabe! O problema é que ainda existem os coronéis que se perpetuam no poder, as oligarquias disfarçadas ou não, a turma do “você sabe quem eu sou?” ou “você sabe com quem está falando?”; os sonegadores de impostos – aliás, alguns quanto mais ricos e poderosos, mais miseráveis e sonegadores são; a turma do “isso não é comigo”; a turma do “eu, eu, eu, sempre eu”. Não existe “o nosso”.
Mas enfim, falemos de coisas boas. VIVA A LEITURA!