Li, um dia desses, a entrevista do padre Marcelo Rossi publicada na Revista Veja. Confesso que fiquei consternado com o sofrimento dele infligido por alguns supostos irmãos de fé.
Não sou católico, mas sou cristão, ou pelo menos tento, pois ser um cristão verdadeiro não é tarefa fácil. Se fosse, Jesus não teria dito que o caminho é estreito, não teria alertado pra orar e vigiar e Paulo, o maior evangelista da história não teria dito: "porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto...pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço".
Mas retornando ao padre, senti firmeza e autenticidade em suas palavras, estas de um cristão verdadeiro, disposto a suportar as agruras da vida, com resignação, humildade, mansidão, como Jesus ensinou.
Foi direto ao dizer que sua missão era ganhar ovelhas e não agradar a padres. Conduta louvável, no meu ponto de vista. Afinal, há muitos líderes cristãos que se acham acima do bem e do mal.
Em suas palavras, pude ver como agem os falsos irmãos, massacrando quem não compartilha seus dogmas e tradições religiosas que afastam o povo de Deus invés de atrai-los. Aliás, Jesus Cristo já sofrera isso quando esteve aqui na Terra. Batia de frente com os religiosos tradicionais de sua época e era condenado por sua forma diferente de difundir a aproximação do ser humano ao seu Criador.
Suponho que aconteceu isso com o padre Marcelo. Este foi ousado em quebrar tradicionalismos católicos impostos pelo papado, entre outros, pregar uma renovação espiritual e sofreu e pagou o preço de fazê-lo, sendo boicotado pelos dinossauros da fé, ou da falsa fé cristã, pois quem age assim, boicotando seu irmão, não pode se considerar cristão.
Ser cristão é ser compassivo, tolerante, paciente, benigno; é amar, perdoar, consolar. E como isso está cada vez mais raro de encontrar! Acho que foi por isso que Jesus indagou: Quando o Filho do Homem voltar, porventura achará fé na Terra? E ainda disse: por se multiplicar a iniquidade o amor de muitos esfriará. Infelizmente, no caso do Padre Marcelo, já se percebe a realidade das palavras de Cristo.
Já vi filmes parecidos com esse no meio evangélico também. Eu que fui criado em igreja evangélica, fiquei desapontado. Desde então, não tenho nenhum líder religioso como referencial de santidade. Respeito, admiro, submeto-me à autoridade espiritual, se for um líder verdadeiro, mas não posso me iludir que não falhem, afinal são seres humanos imperfeitos, como eu, claro.
E o caso comentado confirma que, infelizmente, irmão maltrata irmão, quando deveria amar. Esse foi o mandamento de Jesus Cristo: amai-vos uns outros e guardais os meus mandamentos, nisso sereis conhecidos como meus discípulos.
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 10/05/2011
Alterado em 10/05/2011