Eu não estou sozinho e não estou ficando louco!
Estive lendo algumas crônicas da Teresa Hilcar e constatei uma realidade de mundo que achava fazer parte só do meu, da minha cidade, do meu bairro. Infelizmente, ou felizmente talvez, não é bem assim.
A desordem, a petulância, a falta de educação, incivilidade no trânsito, entre outros comportamentos reprováveis para boa convivência humana estão em toda a parte. Não é um privilégio meu, nem da cidade onde moro ou morei.
Engraçado, tem forasteiro que quando chega na terra dos outros, pra ele nada presta. O trânsito na terra dele é melhor, as pessoas são bem educadas, a civilidade é sempre melhor.
Aí, eu ficava pensando: será que esse tipo de desgraça é só aqui onde vivo? Só aqui que tem gente dessa natureza? Só aqui tem maus motoristas? Ou será, também, que só eu acho essas coisas absurdas, anormais, ou sou louco, antiquado e os outros é que são civilizados?
Mas depois que li as crônicas da Teresa, vi que a desgraça é geral, pois onde ela vive ou por onde anda também acontecem imbecilidades.
Os idiotas estão em toda parte, em todo lugar, afinal paraíso aqui na Terra está meio difícil de encontar, principalmente no Brasil, onde o que não falta é gente folgada.
Tem gente que não cumprimenta e/ou nem responde a outra pessoa quando lhe dá bom dia. Há pessoas que consideram esse tipo de comportamento como questão cultural, da localidade. Ora, desde quando falta de educação é questão cultural local? A falta de educação é falta de educação aqui e na China também.
Senti-me aliviado, ou quem sabe decepcionado, ao descobrir que essas presepadas não são privilégios apenas meus ou do lugar onde vivo, mas de muitos e muitos lugares, de outros seres humanos iguais a mim, de carne e osso.
A propósito, acho que aí onde você vive não acontecem essas coisas né? Só em outros lugares, com outras pessoas, menos com você.
Onde você vive todos vivem em paz, os motoristas são exemplo de civilidade, não tem bandido, não tem malandro, não tem político corrupto, não tem falsos pastores e religiosos, não tem molestadores de crianças; e não tem violência contras as mulheres, não tem gravidez indesejada de menores, pois todos são responsáveis por seus atos; não tem dengue.
Os hospitais da sua cidade funcionam às mil maravilhas, o transporte público é de excelente qualidade, os vizinhos não se escondem de você pra não terem que compartilhar o elevador; a infraestrutura é perfeita, a educação é maravilhosa, não tem filas nos bancos e nos aeroportos (como aliás, vi um forasteiro censurar a minha cidade porque tinha fila no aeroporto e não tinha como fazer qualquer elogia à cidade, mas na cidade dele morrem aos montes cidadãos de bem por bala perdida e a bandidagem tomou conta de tudo)
Ah, não é assim não? Ufa! Não estou sozinho e não estou ficando louco!
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 08/04/2011