Prisma das letras

Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento. Provérbios 3:13

Textos

A pior dor é a da alma. Quem ainda não a sentiu, certamente não passará pela vida sem senti-la um dia. Há várias causas ou fatores que desencadeiam essa dor.
 
Pode ser a perda inesperada de uma pessoa querida, amada, no convívio diário. Pode ser a descoberta de uma doença incurável, que pode abater o doente e os que lhes são próximos.
 
Pode ser uma traição amorosa ou de um amigo que jamais se esperava tal punhalada. Pode ser a perda de um casamento que durou feliz por muitos anos e, de repente, em pouco tempo os momentos bons, alegres e felizes foram apagados, riscados da história, e quiçá, enterrados para sempre no fundo da alma.
 
Pode ser a perda de um filho único numa tragédia urbana, como acontece todos os dias no trânsito brasileiro e na violência das cidades. Há vários motivos que levam alguém à dor e ao sofrimento. A dor que não dói no corpo, mas dói na alma, no espírito. Às vezes até repercute no próprio corpo.
 
Alguns se danam a comer, nervosos, ansiosos, deprimidos, e engordam alguns quilos indesejáveis. Outros, emagrecem, perdem a fome. Os efeitos da dor na alma, nesse caso, são sentidos no corpo.
 
Nesses momentos de dor, parece que ela será interminável. Fica-se triste, amargurado, aflito, angustiado, abatido. As forças e energias são consumidas diariamente com a dor. A sensação de perdido, desorientado, é iminente.
 
Cada dia sem solução, a dor aumenta. O futuro torna-se incerto. A insegurança e o medo assustam, debilitam, travam as ideias, ações, e a própria vida é afetada no seu transcorrer normal.
 
Em momentos de dor, a gente quer lutar, ser forte, agir e reagir. Talvez tentando desesperadamente mudar o curso das coisas, da história. Mas nem sempre é possível. Há coisas que estão fora do nosso alcance. Sentimo-nos impotentes.
 
Nessas horas, quem crê em Deus, acha que Ele num passe de mágica trará a solução. Só se esquece de que às vezes, ou melhor, quase sempre, quem nos colocou dentro da dor não foi Ele. Foram nossas escolhas, decisões erradas, atitudes impensadas, sementes mal plantadas, ou sementes ruins plantadas.
 
O que brotou e causou a dor é só o fruto do que foi plantado. Nem sempre, é claro. A dor decorrente de das fatalidades não são assim. Ninguém escolheu mandar o filho viajar pra Europa e o avião caiu no Oceano Atlântico. Imagine a dor dos pais. Ou a dor dos filhos se os pais se foram. Ou a dor do marido ou da esposa, se o cônjuge morreu no acidente.
 
Mas certas dores são brotadas das sementes plantadas. E nem sempre se percebe quando elas são semeadas. Quando os frutos ruins começam a brotar, aí que se dá conta do que se plantou. E poderá ser muito tarde pra arrancar a raiz do que se plantou.
 
No meio da dor, tentando-se reverter à situação, a esperança começa a esvair. Sentimo-nos exaustos, exauridos emocionalmente. É um golpe fulminante na alma. Perturbador. Acachapante. Parece que será o fim da linha. Quer dizer, até poderá ser o fim de determinada linha, mas não será o fim da linha da vida.
 
Mas como sarar a dor? Quanto tempo durará? O tempo, ah, o tempo. Esse é o medidor e o mediador do que poderá acontecer. Tudo tem seu tempo. Salomão já escreveu que há tempo para tudo.
 
Deus tem seu tempo também. É difícil pra nós compreendermos o tempo de Deus. Queremos resolver logo, ter a solução rápida. Mas não é possível. É preciso esperar com paciência. A dor alguma hora vai passar. A solução virá, seja do jeito que esperamos ou diferente. E se for diferente, é o jeito aceitar. Somo limitados para mudar as coisas, as pessoas, as situações.
 
E assim, a dor um dia terá seu fim. Mas enquanto ele não vem, é muito duro sofrer, suportar a dor, esgotar nosso limite de sofrimento. Dor vá embora! Deixe-me em paz! Talvez essa seja a exclamação de muitos ao passarem pelo sofrimento na alma.
Juscelino Nery
Enviado por Juscelino Nery em 14/07/2012


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